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quarta-feira, dezembro 15, 2004

A biblia sagrada(?)

"Em primeiro lugar, não temos como saber o verdadeiro significado que os escritores originais queriam dar a seus textos, porque os mesmos foram perdidos há muito tempo, e o que sobrou foi o escrito gerações após a morte de seus autores. Esse problema tem sido o foco central desse ensaio, e a essa altura deve ter se tornado claro que depois de milhares de revisões, traduções e editorações feitas por pelo menos 150 pessoas que produziram o que agora chamamos de Bíblia, que é impossível dizer que a Bíblia é isenta de erros.
O segundo problema da Bíblia é o conteúdo doutrinário contido na mesma. Como disse Shakespeare, a Bíblia pode ser usada para defender qualquer idéia. Se você quiser um deus irado, espalhafatoso, vingativo, destruindo todos que lhe servem de tropeço, exigindo genocídio, infanticídio e até mesmo escravidão, então o Êxodo é seu livro. Você quer um código de vida duro, rígido, inexorável, inflexível, sem misericórdia? Então seu livro é o Levítico. Quer um deus discreto, sutil, insondável que raramente interfere, mas que só pode ser conhecido através de orações sinceras e suplicas do fundo da alma, e que seja gentil e misericordioso? Leia as epistolas de Paulo. Tudo no mesmo livro.
O terceiro problema é que a Bíblia contem muitas contradições e erros, não somente de fatos óbvios, mas também de doutrina. Por isso Shakespeare estava absolutamente certo ao afirmar o que afirmou. Se você quiser justificar o ato de estourar cabeças de bebes até o cérebro cair fora da cabeça, a Bíblia é uma boa justificativa. Se você quiser justificar a sua oposição ao aborto, vai achar algo lá também. É óbvio que tudo é uma questão de interpretação pessoal, e qualquer fundamentalista que diga o contrário não está lendo a Bíblia. Temos que interpretar a doutrina por nós mesmos porque a Bíblia é contraditória.
O quarto problema é a interpretação. A mesma passagem do mesmo livro da mesma tradução da Bíblia pode significar coisas inteiramente diferentes para pessoas de formação religiosa diferente. Ela pode significar uma coisa para mórmons, outra para Testemunhas de Jeová, outra para adventistas do Sétimo Dia, etc. Quem está certo? Alguém está certo? Quem sabe? Quem pode resolver tais conflitos?"

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